Também chamado de cachacier, cachacista ou cachálogo, o profissional precisa entender a produção e combinações da cachaça
A partir do ano que vem, a profissão de Sommelier de Cachaça passa a ser reconhecida pelo Governo Federal. O reconhecimento parte de um trabalho de revisão de atividades profissionais feito pelo Ministério da Economia em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe). Também foram reconhecidas as atividades de Sommelier de Cerveja e Sommelier de Saquê.
O sommelier de cachaça, também chamado de cachacista ou cachacier, é o profissional responsável por entender a produção da bebida, tanto em relação à composição química, quanto à parte comercial, desde o alambique até a cachaça chegar à mesa do consumidor. Precisa conhecer as variedade de cana, os tipos de fermentação e as diferentes madeiras usadas no envelhecimento da bebida.
O reconhecimento da profissão era uma reivindicação antiga de quem trabalha com a bebida. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil tem hoje 5.523 marcas de cachaça disponíveis no mercado para comercialização. O número cresceu 18,5% no ano passado, conforme dados apresentados pelo ministério na publicação “A Cachaça no Brasil: dados de registro de Cachaças e Aguardentes”.
Ariane Costa é empresária e Sommelier de Cachaça. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, Ariane Costa tem duas lojas especializadas nesse tipo de bebida. São mais de 1.500 rótulos à disposição dos clientes. A empresária, que também é sommelier de cachaça formada pela Associação Brasileira de Sommelier, comemorou o reconhecimento da profissão.
“Quem ganha é principalmente o setor da cachaça e também o consumidor. O consumidor vai ter alguém que pode ajudá-lo a escolher a cachaça que melhor harmoniza com um prato, que combina com determinado ingrediente com coquetel, e por aí vai”, diz a empresária.
A expectativa é que, com o reconhecimento da profissão, mais pessoas se interessem pela área e busquem a formação necessária para desempenhar o trabalho. O curso inclui disciplinas de história da cachaça, processos químicos de fermentação, etapas de produção e descrições sensoriais.
Cachaçaria da sommelier Ariane Costa tem mais de 1.500 rótulos à disposição dos consumidores. (Foto: Arquivo Pessoal)
Além do crescimento da quantidade de marcas disponíveis no mercado, o número de produtores de aguardente e cachaça registrados no Brasil aumentou 4,14% no ano passado, segundo o Mapa. São mais de 1100 estabelecimentos em atividade.
Minas Gerais ocupa, há anos, o topo da lista, liderando a produção nacional da bebida. De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), o estado produz 200 milhões de litros de cachaça por ano e responde pela metade da produção nacional.
Com tantos alambiques e incontáveis apreciadores da bebida, o reconhecimento da profissão de sommelier de cachaça deve estimular o aumento da produção, além de melhorar ainda mais a qualidade do que chega ao consumidor. Ariane Costa diz que o sommelier “é um profissional que tem conhecimento desde a produção até a parte final, que é a venda pro consumidor. Harmonizando cachaças com pratos, harmonizando coquetéis com cachaças, preparando cartas de cachaça, é um profissional que vem agregar muito”, conclui a especialista.
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